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Café, Canela & Chocolate

O site da autora Sofia Serrano. Conversas de uma mãe, que é médica Ginecologista/Obstetra e adora escrever. Com sabor a chocolate.

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O site da autora Sofia Serrano. Conversas de uma mãe, que é médica Ginecologista/Obstetra e adora escrever. Com sabor a chocolate.

Sou mãe a tempo inteiro

Avatar do autor , 15.11.13

Achava que não. Que quando decidisse ter filhos, ia ser uma mãe que trabalha. A minha profissão é uma das minhas paixões, gosto de desafios e de fazer a diferença e nunca me imaginei a ser mãe a tempo inteiro. Sempre quis ter filhos, mas aquela coisa de a ocupação diária serem os miúdos não me parecia ser uma vida para mim. 
Claro que como muita coisa, esta ideia que eu tinha mudou quando nasceu a minha primeira filha e reforçou-se com o segundo filho.
Agora, digo com toda a certeza que sou mãe a tempo inteiro. 
Apesar de também trabalhar 40 horas ou mais por semana no hospital. 
Agora percebo que a maternidade já vem com este pacote a tempo inteiro: é impossível deixarmos de ser mães quando vamos trabalhar ou quando os deixamos na escola e voltarmos a ser mães ao fim do dia. Somos mães 24 horas por dia, e em particular à noite e quando estão doentes. 
Mesmo quando vamos trabalhar, torna-se inevitável não pensarmos neles, não mostrarmos fotos para os colegas verem como estão crescidos, não contarmos as últimas gracinhas. 
Quando vamos às compras é inevitável não ir também (ou primeiro) à secção de roupa de criança ver os vestidos que ela adora, ou espreitar se há aquelas calças que lhe ficam tão bem. 
Não se consegue não comprar primeiro os iogurtes deles quando vamos ao supermercado (e muitas das vezes esquecermos-nos dos que nós adoramos)ou levar-lhes um novo livro de histórias, que adoram que lhes contem à noite.


E quando vamos beber um café com as amigas acabamos inevitavelmente a contar peripécias dos miúdos, a mostrar fotos no telemóvel e a combinar a próxima ida ao parque, e o nosso encontro seguinte fica marcado para mais uma festa de aniversário de crianças.
Nas escapadinhas a dois damos por nós a falar sobre a última proeza do mais pequeno durante o jantar romântico ou a achar que a miúda ia adorar aquelas pipocas e combinamos trazê-la ao cinema.
Mesmo de noite, quando estão a dormir bem, é inevitável não lhes ir aconchegar a roupa da cama ou dar um beijo de boa noite. Às vezes acordamos por eles estarem a dormir tão bem, porque habitualmente acordam por chuchas perdidas, xi-xi, ou porque tiveram um sonho mau e querem vir para a nossa cama para adormecer.
E se estão doentes, e se ficam com alguém que tome conta deles é muito difícil não passar o tempo a telefonar e a mandar mensagem para nos assegurarmos que lhes deram os medicamentos certos, saber se comeram bem, se estão bem ou mal dispostos, se tossem. Ou só porque sim.
E quando damos por nós, estamos a escrever sobre os nossos filhos.
Eles são assim. Os filhos. Entram de rompante na nossa vida, previamente planeada e bem concebida, para nos arrebatarem e se tornarem o centro das nossas atenções. Mudam o nosso mundo.
E é bom. 
E digo orgulhosamente que sim, sou mãe a tempo inteiro. E adoro.

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