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Café, Canela & Chocolate

O site da autora Sofia Serrano. Conversas de uma mãe, que é médica Ginecologista/Obstetra e adora escrever. Com sabor a chocolate.

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Pais e Filhos pelo Mundo #2: Vera, Vicente e Bruno, Bélgica

Avatar do autor , 16.01.14

A Vera tem 30 anos, é licenciada em Comunicação Social e vive actualmente na Bélgica, com a família. É mãe do Vicente, de 1 ano, que acorda sempre com um sorriso e um grande "Olá!". Gosta de escrever, e conta as suas aventuras no blog "As Viagens dos Vs".
Ela contou ao Café, Canela & Chocolate como foi sair do seu país para uma cultura diferente com um filho pequeno, como é a adaptação e os desafios diários na vida na Bélgica.



1- Porque é que decidiram sair de Portugal e porquê a Bélgica?
No nosso caso,  o meu marido já se encontrava a trabalhar na Bélgica, mais concretamente em Bruxelas, há algum tempo. A nossa relação sempre foi vivida num vai e vem constante. Porém, após o nascimento do Vicente, fazia todo o sentido começar esta nova e tão importante etapa das nossas vidas, juntos, em família. Não poderia ser de outra forma.


2- Foi uma decisão fácil?
A decisão em si era fácil. Viver um tempo fora de Portugal era algo que eu desejava há muito. No entanto, por ser o momento em que foi, tornou tudo mais difícil. Por um lado, sabia que este era o momento da minha família, aquela que estava a começar a construir. Depois, por outro, a ideia de abdicar de trabalhar por completo, partir para um país diferente com um bebé recém-nascido, sem qualquer rede de apoio, era algo que me assustava.


3 - Como foi a adaptação a outro país, em particular para os vossos filhos e quais as principais diferenças em relação a Portugal?
Tirando a barreira linguística inicial (o francês era uma língua que eu não dominava), não senti grandes problemas de adaptação. Nunca senti muito aquela antipatia que dizem caracterizar os belgas. E a cidade eu já conhecia e sempre me agradou. O facto de morarmos numa zona central, bastante animada,  ajuda bastante. Quanto ao Vicente, penso que esta é a casa dele, afinal já viveu mais tempo aqui, do que em Portugal. A sua felicidade quando regressa de férias, mostra isso mesmo.

4 - Como é trabalhar na Bélgica? 
Eu  neste momento, tenho a sorte de ainda puder estar com o Vicente a tempo inteiro. A experiência que tenho é em relação ao meu marido e amigos.  Um dos aspectos mais positivos na cultura belga é o facto de ser orientada para a compatibilização da vida profissional com a pessoal. Ou seja, não se promove a cultura de se trabalhar até demasiado tarde, como em Portugal, de modo a que a família nunca fique em segundo lugar.

5 - Como é educar um filho na Bélgica?
Ainda não me dediquei muito a esse assunto, mas sei, por exemplo, que o sistema público de ensino é tão bom, que o sistema privado é quase exclusivo para os expats. Para além disso, é gratuito e mesmo o ensino superior é bastante mais barato que em Portugal.

6 - Como é que se gere a distância da família - em particular com os mais pequenos?
Esta parte é a mais complicada, de facto. Mas felizmente, com a internet e todos os meios e formas de comunicar que hoje existem, as saudades vão-se atenuando. É possível irmos sabendo, diariamente, como estão os amigos, a família, o que fazem, etc... Penso que pior é para os avós que estão do outro lado e vêm o crescimento do neto à distancia. Porém, através do blog vou conseguindo que a família e os amigos vão acompanhando esta nossa viagem, de modo a que se sintam diariamente parte dela também.


7 - Como é um dia típico vosso?
O nosso dia começa bem cedo, por volta das 6h30. O primeiro despertador é o meu. Aproveito o tempo que o pai tem em casa, antes de sair para trabalhar, para ir ao ginásio. Era impensável fazer uma coisa destas antes, mas hoje em dia é fundamental para o meu bem estar mental.
O pai acorda, um pouco depois,  é ele que dá o pequeno almoço ao Vicente, ao mesmo tempo que se prepara para sair. Assim, que chego, trocamos.
Regra geral, no período da manhã, aproveito para organizar a casa. O Vicente almoça por volta das 11h e faz uma sesta a seguir. É nessa altura que aproveito para ver mails, actualizar o blog, ler notícias, para que quando ele acorde, possamos sair.
Dependendo do tempo, ou vamos a um jardim, ou a uma Maison Vert (que é uma espécie de creche onde as crianças podem estar com a presença dos pais).
Ao fim do dia, há dois dias por semana em que tenho curso de francês, e é o pai que assegura o jantar, o banho, etc... nos restantes dias sou eu. E, da mesma forma, que o dia começa cedo, também acaba cedo, por volta das 19h30/20h, o Vicente já dorme e a partir daí, temos um tempo só a dois, jantamos, vemos as notícias na RTPi e pomos a conversa em dia.
Aqui somos só os três, por isso, tem que ser tudo muito bem planeado.

8- O que achas que era preciso mudar em Portugal para voltarem?
Voltar a Portugal não está completamente fora de questão, mas devo confessar que a nossa vontade é de continuar aqui por mais tempo.
Assusta-me pensar que em Portugal não irei conseguir, por muito que trabalhe, dar as mesmas oportunidades ao Vicente, como sei que o conseguirei fazer aqui. Essa é a nossa principal preocupação.


9 -O que dirias aos pais que estão a pensar sair de Portugal para poderem dar um futuro melhor aos filhos?
Digo para pensarem bem no país que escolhem, que se informem sobre as suas condições,  nomeadamente em termos de educação e de integração social (acho que esta parte é muito importante para que as coisas corram bem). E depois, procurar experiências de outras pessoas. É a melhor forma de conseguir perceber o que vos espera.
E se o balanço for positivo, não hesitem em arriscar, afinal esta experiência serve também para fortalecer os laços entre cada um. Não podemos ter medo de ser felizes.

Obrigada Vera por teres partilhado a tua experiência e tudo de bom para a tua família! Podem também encontrar as aventuras dos Vs no facebook aqui.




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