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Café, Canela & Chocolate

O site da autora Sofia Serrano. Conversas de uma mãe, que é médica Ginecologista/Obstetra e adora escrever. Com sabor a chocolate.

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Os tipos de pai na sala de partos

Avatar do autor , 11.02.15


São as mulheres que carregam os filhos durante nove meses (mais ou menos). 
E durante esse tempo, preparamo-nos para aquele momento único e especial: o parto, o momento em que finalmente vamos conhecer o nosso bebé! 
Então e os pais? 
A verdade é que há pais mais ou menos preocupados durante a gravidez das mulheres. 
E a hora do parto é um altura complicada, para eles também. Mas na verdade, nessa altura crítica há todo o tipo de reacções. E posso dizer-vos há vários tipos de pais no bloco de partos:

- o descontraído
É um pai que está absolutamente tranquilo (ou pelo menos parece que está). Despreocupado, desvaloriza as queixas da grávida e acredita que tudo vai correr bem. Tudo sem stress. Traz o jornal, o ipad e está ali como se tivesse levado a mulher a lanchar a uma esplanada.
Na altura do parto dá a mão à mulher, quer cortar o cordão umbilical e fica de sorriso rasgado ao ver o filho.

- o ansioso
Vem três passos à frente da grávida para avisar que ela está a chegar e que o bebé pode nascer a qualquer momento (acha ele). Responde às perguntas feitas à grávida antes dela e sabe de cor e salteado os resultados das análises da gravidez. Pergunta repetidamente se está tudo bem e se cada coisa que se passa é normal.
Na altura do parto fica em pânico e às tantas a grávida manda-o ficar calado. Chora compulsivamente de felicidade quando vê o filho mas tem receio de cortar o cordão umbilical.

- o sabe-tudo
Fez mais de três cursos de preparação para o parto, leu uma resma de livros sobre gravidez e andou pelos fóruns de grávidas durante nove meses. Sabe o que é o rolhão mucoso, as contracções, os tipos de parto. Pergunta porque é que pomos soro e porque é que não rompemos a bolsa para acelerar o parto. Se vamos pôr oxitocina ou se não é melhor fazer uma cesariana se o parto demorar. Sabe o que é o estreptococus B e todas as complicações da epidural.
Está preparado para tudo, menos para a emoção de ver o seu filho pela primeira vez - e chora de alegria. E depois quer ser ele a vesti-lo, porque já aprendeu como se faz.

- o pseudo-corajoso
Não percebe nada de partos, mas acha que deve ser fácil. Por isso não tem problema nenhum em acompanhar a mulher. Mas está sempre calado e vê-se pelo ar que todo aquele mundo lhe parece estranho.
Fica pálido cada vez que algum médico avalia a progressão do trabalho de parto (o "toque"). E se não nos apercebemos disto, cai para o lado na altura do parto e é difícil receber o bebé e tratar do pai ao mesmo tempo. E há quem caia desamparado e bata com a cabeça, porque assistir a um parto não é para todos.
(este tipo de pai geralmente pede para sair antes do parto, ou aceita alegremente quando lhe sugerimos ir apanhar ar porque está pálido)

- o pai-à-moda-antiga
Diz que esta coisa de partos não é para homens. E que toda a vida foram as mulheres a tratar dessas coisas, por isso nem pensar em entrar num Bloco de Partos ou acompanhar a mulher. Mas fica a rondar a porta do Bloco ou passa a noite deitado nas cadeiras da sala de espera, até saber que o bebé nasceu e que correu tudo bem.

- o treinador de bancada
Desde que entra que incentiva a mulher. Explica-lhe como deve respirar nas contracções e como deve fazer força, e a cada puxo grita "Vai, vai, vai! Não desiste!!". Fica completamente imerso no espírito, até que a grávida se enerva com tanta ordem e lhe pede para ficar sossegadinho. Dura alguns segundos e depois volta ao ataque. Quando vê o seu filho fica de sorriso rasgado e diz à mulher que se portou lindamente.

- o agressivo
Já ouviu dizer muito mal dos partos e dos médicos e vem com três pedras na mão. Desconfia de tudo o que lhe dizem e pergunta desde que entrou se não era possível fazer já uma cesariana. Muda completamente depois do seu filho nascer, e traz chocolates para toda a equipa em agradecimento.

- o moderno
Está numa reunião em Londres mas quer estar presente no nascimento do filho. Não consegue dar a mão à mulher nem incentivá-la a fazer força, mas vê o seu filho pelo skype no telemóvel, que a sogra segura. Chora a muitos quilómetros de distância e deseja estar ali.






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