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Café, Canela & Chocolate

O site da autora Sofia Serrano. Conversas de uma mãe, que é médica Ginecologista/Obstetra e adora escrever. Com sabor a chocolate.

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O site da autora Sofia Serrano. Conversas de uma mãe, que é médica Ginecologista/Obstetra e adora escrever. Com sabor a chocolate.

Crónicas de uma interna #1

Avatar do autor , 17.07.13

Isto de ser interna e mãe não é fácil. 
E sim, provavelmente, estou-me a repetir.
Cada vez que planeio o dia....é matemático, sai tudo ao contrário.
E sim, sei que tenho de ultimar o CV, que tenho de digitalizar uma pilha de certificados, que tenho de estudar uma lista de calhamaços. E com lista de calhamaços, quero dizer, por exemplo: um livro de Medicina Materno-Fetal, com 1282 páginas, um de Ginecologia com 1671 páginas ( e isto são os básicos), Consensos Nacionais e Internacionais de tudo e mais alguma coisa, artigos científicos recentes e as últimas revisões sobre tudo-e-mais alguma coisa em Ginecologia e Obstetrícia. E tenho de começar a acender uma velinha por noite para ir fazer exame a um Hospital simpático, com um Juri simpático, idealmente que AME o meu CV e que faça perguntas sobre percentagens e moléculas que eu saiba na ponta da língua.
Isto para dizer que, quando planeio os dias (para tudo resultar como resultava na escola e faculdade, esquemas de estudo, quadros com o que fazer todos os dias) sai geralmente furado. E porquê? Porque nesta equação entram agora mais variáveis. E não, não são só os meus miúdos. São também os idiotas dos virus. E bactérias. E bicheza da família deles. Que teima em circular pela escola da miudagem e apanhar boleia cá para casa na primeira ocasião.
Por isso, quando eu penso : "hoje de manhã consultas, ir ao supermercado, ir buscar os miúdos, dar-lhes banho, jantar e pô-los a dormir, sentar-me ao computador, escrever o CV e ler um capítulo do livro", o que realmente acontece é "hoje de manhã consultas, telefonema da escola a dizer que o mais pequeno vomitou (salto almoço e compras), trago o pequeno para casa, ligam-me da escola a dizer que a maior está com febre, vai o pai buscá-la, nada de fazer jantar porque está tudo nauseado e com febre, noite em branco entre um que vomita e baixar a febre de outro (nada de CV ou estudo)".
E quando nasce o sol, precisava de ir dormir.
Pois, não há tempo.
E há muito para fazer. 
O carrossel tem de continuar a girar. E não sou mulher para desistir. Por isso lá vamos de disco rígido atrás, cada minuto vago no trabalho serve para completar uma linha, cada pausa no Serviço de Urgência tem de servir para saber na ponta da língua os estadiamentos oncológicos.


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